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O Bombeamento de Magma e de Massa Cozida STAB - Mar/Abr 1997

Retornamos do excelente “workshop” organizado pela STAB sobre cozimento com a inevitável cobrança do envio urgente do texto para a próxima edição, embora como sempre estivéssemos dentro do prazo previsto. Tratamos assim de buscar inspiração em um dos temas do encontro.

Dentre os vários temas tratados no “workshop” esteve em evidência o do cozimento contínuo, um procedimento que exige o bombeamento controlado do magma e eventualmente a necessidade do bombeamento da massa cozida dependendo do tipo de tacho contínuo e/ou do tipo de instalação.

Embora no Brasil raramente exista o bombeamento de massa cozida nas usinas, por outro lado as nossas bombas de magma deixam muito a desejar no que diz respeito à sua performance e à sua confiabilidade. Achamos assim oportuno discorrer sobre este assunto e discutir algumas possibilidades.

O tipo de bomba de magma mais comum é a famosa bomba Rota (Figura 1). Trata-se de equipamento que quando bem projetado e bem construído atende perfeitamente às necessidades de processo no Brasil. Entretanto, o seu princípio de funcionamento faz com que o torque fornecido ao eixo da bomba não seja constante, e sim pulsante, o que complica um pouco a sua aplicação quando, por exemplo, se quer instalar um inversor de frequência para se controlar a vazão de magma para um tacho contínuo.

Para se atenuar este efeito de pulsação da bomba Rota é possível adotar um truque que consiste na instalação de um acumulador de ar na tubulação de descarga da bomba (Figura 2). Trata-se de acessório usado com sucesso no exterior quando se tem bombas Rota associadas a tachos contínuos. As dimensões do acumulador dependem evidentemente da capacidade da bomba e da altura de bombeamento da massa.

Outro modelo de bomba que está se tornando comum no Brasil é a bomba Nemo (Figura 3), muito usada para mel, mas recentemente também para magma. Trata-se de equipamento mais adequado para a utilização com inversores de freqüência, pois apresenta uma curva de torque sem pulsações. Entretanto, é um equipamento mais delicado, pois não pode operar em vazio sob o risco de se danificar o estator que é fabricado com borracha.

Para se procurar evitar esta possibilidade é conveniente ter a rosca de magma numa posição mais elevada e garantir assim certo pulmão de produto na sucção da bomba. Para não depender do operador, temos visto com sucesso a instalação de sensores, por exemplo, de ultrasom, que garantem a parada da bomba no caso da falta de produto.

A seleção dos materiais do rotor e do estator é também muito importante para se evitar o desgaste prematuro por abrasão dos cristais de açúcar.

Embora as duas alternativas acima sejam perfeitamente aceitáveis, no nosso entendimento a bomba ideal para massa cozida ou magma é a bomba de lóbulos.

Estas bombas são desenhadas de maneira que as partes metálicas nunca se tocam na região de bombeamento do produto, garantindo assim uma quebra negligenciável dos cristais, e de maneira que as velocidades sejam suficientemente baixas, garantindo assim a mínima emulsificação do produto.

A Figura 4 indica uma bomba de fabricação francesa da marca Broquet. O seu desenho é tal que numa das extremidades dos lóbulos os mesmos são desenhados para se tocarem a assim transmitir o torque, mas nesta região a carcaça é construída de maneira que não haja a presença de produto. Na maior parte da largura dos lóbulos, onde os mesmos não se tocam, ocorre o bombeamento. Trata-se de equipamento que vimos operando muito bem no exterior.

A Figura 5 indica uma bomba de fabricação inglesa da marca Alfa Laval. O princípio de operação é exatamente o mesmo, mas a sua construção apresenta as engrenagens para transmissão do torque em um compartimento separado, no qual encontram-se também os rolamentos.

As bombas de lóbulos são a nosso ver menos sensíveis e mais robustas do que as bombas tipo Nemo e mais adequadas para a automação do que as bombas tipo Rota. Apresentam também uma manutenção mínima.

Acreditamos que os fabricantes brasileiros do setor deveriam pensar em desenvolver uma linha específica deste tipo de bombas, pois o seu maior custo inicial certamente seria compensado pelo muito menor custo de manutenção quando comparado, por exemplo, com as nossas bombas do tipo Rota.

Magma para bombear é o que não vai faltar no Brasil.

Celso Procknor
celso.procknor@procknor.com.br