Circulação Forçada da Massa Cozida no Cozimento
Os especialistas do mercado têm afirmado de uma maneira quase unânime em 2016 que são de alta as perspectivas para o preço do açúcar no mercado internacional nas próximas safras.
Um bom motivo para o produtor de açúcar estudar possibilidades de aumento de capacidade e de eficiências em suas plantas industriais.
A operação de cozimento nos tachos a vácuo em bateladas é uma das mais importantes em todo o processo.
Quanto melhor for a circulação de massa durante o cozimento melhor será a sua homogeneidade e por consequência melhor será o desempenho da operação de cozimento.
Mas em quais situações seria necessário passar da circulação natural para a circulação forçada?
Admitindo que a geometria de um dado tacho favoreça a circulação natural, esta será mais intensa quanto maior for a taxa de evaporação durante o cozimento. A circulação natural é favorecida pela diferença entre a densidade aparente da massa cozida que desce pelo tubo central e a densidade aparente da massa que sobe pelos tubos de aquecimento. Esta última será tanto menor quanto maior for a quantidade de bolhas de vapor no seio da massa cozida.
Evaporação mais intensa ocorre basicamente quando o produto de alimentação, xarope ou mel, está com um brix baixo ou quando existe um grande diferencial entre a temperatura do vapor de aquecimento e a temperatura da massa cozida, esta última definida pelo nível de vácuo no tacho.
Portanto, se o seu cozimento se enquadra em uma das duas situações acima você provavelmente não vai precisar de um circulador mecânico, a menos que queira uma circulação minimamente adequada na fase final do cozimento, quando a viscosidade da massa cozida aumenta muito.
Mas por outro lado, se você quiser minimizar o seu consumo de vapor de processo, será necessário trabalhar com produtos de alto brix e com vapor de aquecimento de baixa temperatura. Estas duas circunstâncias vão ocasionar menos bolhas de vapor na massa cozida que está subindo dentro dos tubos e por consequência vão aproximar a densidade desta massa com aquela que está descendo no tubo central.
O resultado esperado será uma menor circulação natural e assim o circulador mecânico passa a ser a solução técnica indispensável.
O circulador mecânico de um tacho tipo bateladas é basicamente uma bomba com características muito específicas. É preciso bombear um fluido com viscosidade alta e variável, a qual aumenta do início até o final do cozimento. É uma bomba que deve operar com altas vazões e baixas alturas manométricas (basicamente as perdas de carga no tampo do fundo e nos tubos de aquecimento do tacho).
Para esta aplicação o impulsor (rotor da bomba) mais indicado é sem dúvida um impulsor do tipo axial, sendo que este impulsor axial deve ser instalado na parte superior do tubo central.
Há vários projetos de circuladores com impulsor tipo radial instalado na parte inferior do tubo central. Não é a solução mais adequada. Este tipo de rotor necessita mais potência instalada e exige um espaço que obriga o tampo do fundo ficar mais distante do feixe tubular, resultando em um projeto de tacho com maior volume de pé.
Os circuladores mecânicos de tipo axial para tachos bem projetados são geralmente dimensionados com uma vazão correspondente a no mínimo 300 renovações do tacho por hora. Assim para um tacho de 60 m3 (600 hl) teremos uma vazão inicial de 18.000 m3/h.
O número de renovações acima pressupõe projetos de tachos com diâmetro de tubo central na faixa de 40% do diâmetro do corpo, calandra com altura máxima de 1,0 m e relação superfície volume na faixa de 7,5 m2/m3.
No caso de tachos existentes com geometria inadequada pode não ser econômico projetar circuladores com 300 renovações, e assim nestes casos o projeto do circulador é estudado caso a caso. Já desenvolvemos projetos no exterior de tachos muito antigos com tubo central de pequeno diâmetro nos quais a solução foi instalar circuladores com dois estágios (dois impulsores axiais em série).
Voltando ao exemplo do tacho de 60 m3 mencionado acima, o projeto do mesmo tem um tubo central com diâmetro de 2,25 m. Assim para a vazão de 18.000 m3/h a velocidade aparente de descida da massa cozida no tubo central será de 1,25 m/s.
Desta maneira, adotando uma velocidade aparente na faixa de 1,25 m/s, é possível fazer uma estimativa inicial do número de renovações que será possível obtermos no projeto de um circulador mecânico em função do diâmetro do tubo central do tacho. Número alto de renovações em tachos com pequeno tubo central pode levar a uma potência instalada muito alta que inviabiliza o projeto.
A potência instalada no circulador mecânico para as condições típicas acima (300 renovações com velocidade de 1,25 m/s) estará na faixa de 0,90 kW/m3. Ou seja, 54 kW (75 CV) para o tacho do exemplo acima.
Naturalmente a potência da bomba varia com a viscosidade do fluido, a qual varia durante o desenvolvimento do cozimento.
A solução técnica correta então é dotar o motor de circulador com um variador de frequência que vai automaticamente limitar a corrente elétrica do motor na faixa de 90% da corrente nominal.
Assim o impulsor poderá trabalhar com rotações mais elevadas no início do cozimento quando são mais baixos o brix da massa cozida e o percentual de cristais na massa cozida, e poderá trabalhar com frequências abaixo de 60 Hz na fase final do cozimento.
Nesta fase final do cozimento é perfeitamente possível trabalhar com rotação mais baixa sem prejuízo para o processo, lembrando que a potência de uma bomba varia com o cubo da relação de diminuição da sua rotação, mas vazão varia diretamente. Ou seja, abaixamos a rotação em 5% e a potência vai baixar aproximadamente 15%.
Um circulador mecânico bem projetado proporciona melhorias na qualidade do açúcar, pois a circulação adequada da massa cozida evita a ocorrência de pontos “frios” ou “quentes” durante o cozimento, evitando assim a formação de falso grão e a dissolução parcial de cristais.
Proporciona também um melhor esgotamento da massa cozida na fase final do cozimento, pois será possível “apertar” a massa, com pouca evaporação, sem prejuízo da sua circulação no tacho. E uma massa cozida bem homogênea deverá produzir açúcar com baixo Coeficiente de Variação (CV).
Atualmente as usinas de açúcar tem se preocupado muito com a eficiência energética de seus processos. Para que a produção de açúcar seja eficiente no aproveitamento de calor é indispensável que o processo de cozimento seja feito com vapor de baixa pressão (Vapor vegetal V2 1,2 bar(a) e 105°C). Cozinhar a massa com vapor de pressão e temperatura mais baixos é interessante para equilíbrio térmico da planta e também para evitar o ganho de cor no cozimento. Por outro lado, o equilíbrio térmico também é alcançado quando trabalhamos com xarope e mel com brix mais alto, visando reduzir o consumo de vapor nesta fase do processo e assim perdemos parte da circulação natural do tacho em função da diminuição de diferença de densidade da massa cozida que está no feixe tubular do tacho e da massa cozida que está no tubo central.
A solução técnica mais adequada para esta situação é a instalação de circuladores mecânicos que permitem uma circulação adequada em tachos que operam com massas de alta viscosidade e vapor de baixa temperatura.
Os circuladores mecânicos são equipamentos muito específicos e analisados para cada equipamento e condição de projeto. Sua instalação é extremamente simples, mesmo em equipamentos existentes e com vida útil já avançada.
A Procknor Engenharia em parceria com a SEMCO possui a maior experiência do mercado neste tipo de instalação que já conta com mais de 200 equipamentos instalados no Brasil e exterior, para massas A, B e C, em tachos batelada e contínuos.
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