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Separação e Transporte de Bagacilho STAB - Jan/Fev 1997

Temos visto ultimamente nas usinas e destilarias a tendência de se partir, de uma maneira talvez não tão intensa, mas sempre constante e progressiva, para a colheita mecanizada da cana.

A cana colhida mecanicamente normalmente não é lavada, resultando em maior quantidade de lodo nos decantadores e por conseqüência em maior necessidade de área de filtração. Várias usinas já adotam um fator mínimo de 0,6 m2/tch para definir a capacidade do seu setor de filtração, em lugar do tradicional 0,4 m2/tch vigente até há algum tempo atrás.

Maior área de filtração significa uma maior necessidade de bagacilho de boa qualidade para uma adequada operação dos filtros. Pretendemos nesta edição discorrer sobre o sistema típico de separação e de transporte de bagacilho que procuramos sempre adotar para nossos clientes.

Embora existam sistemas digamos mais sofisticados para a separação de bagacilho, como por exemplo, peneiras rotativas ou vibratórias, a verdade é que na usina quase sempre é necessário uma esteira elevadora na saída da moenda para levar o bagaço até a esteira distribuidora de alimentação das caldeiras.

Este trabalho de elevação de bagaço pode muitas vezes ser feito por esteira de lençol de borracha, mais econômica em energia e em manutenção, principalmente quando existe uma grande distância entre a moenda e as caldeiras. Entretanto, se este for o caso, é possível ter uma esteira de arraste mais curta em uma pequena parte do percurso, e utilizar esta esteira como a separadora de bagacilho.

A solução ideal a nosso ver é transportar o bagaço na parte superior da esteira de arraste, onde são instaladas as telas com a furação adequada ao tamanho médio do bagacilho que se deseja (vide Figura 1). Quando se instala as telas na parte inferior do transportador de arraste, a moega sob as telas fica muito grande e cria problemas de instalação, razão pela qual muitas vezes na prática a área da tela fica condicionada ao tamanho da moega que se pode instalar.

As recomendações mais importantes para a instalação são as seguintes:

  • Adotar uma esteira inclinada para facilitar a separação, com ângulo de 30 a 60 graus.
  • Instalar uma área de tela na faixa de 0,025 m2/tch, valor médio cuja variação depende da furação e da quantidade de bagacilho.
  • Utilizar telas com furação de diâmetro 4 a 6 mm.
  • Instalar a cada seis taliscas um raspador feito com borracha que permita a limpeza constante da tela para evitar o seu entupimento.
  • As chapas laterais maiores da moega sobre a rosca dosadora devem ser ligeiramente divergentes para se evitar buchas.
  • A caixa da esteira na região do eixo movido deve ser devidamente construída para que as taliscas façam retornar para a parte de cima da esteira o bagacilho no caso de a moega estar cheia.
  • Dependendo do arranjo físico de cada usina, a possível instalação de uma pequena esteira com lençol de borracha irá proporcionar a flexibilidade de se dispor de bagacilho durante a liquidação dos decantadores, mesmo com a moenda parada.
  • Sob a moega deve ser instalada uma rosca dosadora, equipada com inversor de frequência, que pode eventualmente ter a sua rotação comandada do setor dos filtros, com uma capacidade na faixa de 7 a 10 kg/tch.
  • O sistema de transporte pneumático deve ser do tipo venturi, de maneira a evitar que o bagacilho e todo o material abrasivo nele contido entre em contato com as pás do soprador.
  • Deve ser previsto um sistema de transporte pneumático com uma relação mínima ar / bagacilho de 3,0 m3/kg para se evitar possíveis entupimentos.
  • As curvas da tubulação devem ser do tipo raio extra longo, com chapa de maior espessura e com bocas de inspeção na sua parte superior para eventual limpeza. O traçado da tubulação pode ser o mais esquisito e deselegante, mas deve ter o menor número de curvas possível e não possuir pontos baixos.
  • O ciclone separador de ar deve de preferência ser montado sobre um misturador de lodo elevado em relação aos filtros, para que a mistura lodo bagacilho possa ser conduzida aos mesmos por gravidade.

Um sistema conforme indicado bem projetado e bem instalado deverá proporcionar as quantidades necessárias de bagacilho sem problemas de operação e de manutenção.

Figura 1 – Sistema de Separação e Transporte de Bagacilho.

Celso Procknor
celso.procknor@procknor.com.br