Busca
Filtro Rotativo a Vácuo X Prensa Desaguadora STAB - Mar/Abr 1999

A tendência de diminuição da lavagem da cana em função do aumento da mecanização do corte e da necessidade de redução de efluentes poluentes acarreta, entre outras conseqüências, um maior volume de lodo de decantação a ser tratado.

Este lodo adicional pode ser tratado mediante acréscimo de área no setor de filtração ou mediante a instalação de prensa desaguadora para trabalhar em paralelo com os filtros existentes.

O objetivo deste texto é listar as diferenças básicas entre os dois tipos de equipamentos de maneira a procurar ajudar na comparação das alternativas para cada caso específico.

De nosso conhecimento o filtro rotativo a vácuo é uma espécie de quase unanimidade em outros países açucareiros. No Brasil, há cerca de 6 ou 7 anos, as prensas desaguadoras foram introduzidas nas usinas. Ocorreram no princípio uma série de problemas, esperados em novas aplicações deste tipo, mas que foram aos poucos sendo corrigidos.

Hoje em dia temos conhecimento de usuários das prensas que estão plenamente satisfeitos, outros nem tanto, mas sem dúvida é uma alternativa que deve ser considerada. Os pontos de comparação entre os equipamentos são basicamente os indicados a seguir.

A prensa desaguadora pode operar sem a necessidade de bagacinho, se bem que com bagacinho pode-se esperar uma melhor retenção de sólidos na torta. Este fato proporciona a vantagem de se economizar no sistema de peneiramento e de transporte de bagacinho caso o mesmo esteja no limite. Além disso resulta num pequeno acréscimo de combustível para as caldeiras.

O filtro rotativo a vácuo pode operar sem a necessidade de mistura de floculantes no lodo. Este fato proporciona uma economia operacional do equipamento que deve ser levada em conta.

A prensa desaguadora produz um caldo filtrado com muito menor turbidez, o qual pode ser enviado diretamente para o tanque de caldo decantado sem nenhum tratamento adicional. Trata-se de um ponto importante para o caso de produção de açúcar com este caldo.

O filtro rotativo a vácuo produz um caldo filtrado com brix mais elevado, pois exige menores quantidades de água de lavagem para o mesmo nível de perdas na torta. Este fato favorece o balanço de vapor e maximiza a capacidade da evaporação existente no caso de produção de açúcar.

A prensa desaguadora produz uma torta com umidade mais baixa, cerca de 60 a 65% contra 70 a 80% no caso do filtro rotativo a vácuo. Isto significa um peso significativamente menor de torta a ser transportado e é um ponto muito destacado pelos fabricantes da prensa. Na prática é preciso avaliar com precisão os ganhos com transporte da torta, já que a redução de volume é menor do que a redução do peso. Por outro lado, os ganhos dependem muito de cada caso específico (distância média, capacidade dos caminhões, sistemática de distribuição, etc).

O filtro rotativo a vácuo é um equipamento mais robusto no que diz respeito à sua manutenção. Suas telas podem ser trocadas por setores e não são suscetíveis à presença de materiais metálicos estranhos no lodo. O tecido da prensa é mais suscetível à presença de materiais estranhos no lodo, sendo necessário prever um sistema de proteção com a instalação de ímã para a remoção destes materiais do lodo. O tecido deve ser do tipo que possa ser reparado por setores, mas normalmente representa tempos maiores de paradas para manutenção em caso de acidente. O tecido exige maiores cuidados no que diz respeito ao seu alinhamento correto para se evitar desgaste excessivo nas bordas.

A prensa desaguadora consome menos energia elétrica, de 30% a 40% do filtro, principalmente em função de não necessitar a instalação da bomba de vácuo. A bomba de vácuo do filtro rotativo representa uma potência instalada relativamente alta quando se deseja operar com níveis de vácuo adequados na faixa de 0,25 a 0,30 bar abs.

O filtro rotativo normalmente exige uma estrutura metálica com 8 m de altura para se usar bombas para o caldo filtrado que não sejam especiais (NPSH para operação sob vácuo). A prensa pode ser instalada mais próxima ao solo, mas trata-se de vantagem relativa, já que neste caso necessitamos de um equipamento mecânico adicional para elevar a torta produzida até a moega a partir da qual serão carregados os caminhões.

O custo inicial é naturalmente um fator determinante e vai depender de cada fabricante e de cada negociação. O importante é ter informações confiáveis a respeito da capacidade de processamento da prensa e do filtro. Normalmente instalamos de 40 a 60 m2 / 100 tch no caso do filtro, dependendo da qualidade da cana. No caso da prensa, normalmente instalamos de 0,9 a 1,1 m / 100 tch (largura da tela).

A decisão final vai depender de cada caso particular, e como sempre é fundamental visitar e conversar com quem já tem o equipamento em operação.

Celso Procknor
celso.procknor@procknor.com.br